Síndrome cardiorrenal e esporotricose exigem atenção, diagnóstico precoce e responsabilidade dos tutores para conter agravamentos z291a

Da Redação

Cães e gatos têm enfrentado, em diversas regiões do Brasil, duas doenças com efeitos graves e potencial letal: a síndrome cardiorrenal (SCR) e a esporotricose. Médicos-veterinários alertam que o diagnóstico precoce e o acompanhamento constante são essenciais para preservar a saúde dos animais. A SCR, pouco conhecida entre tutores, compromete simultaneamente coração e rins; a esporotricose, uma micose grave, atinge especialmente os gatos e se espalha rapidamente em áreas urbanas.

A campanha “Rins e coração, saúde em conexão”, lançada pela VetFamily, maior rede de profissionais da área veterinária do país, busca conscientizar sobre a SCR. “Estimamos que 10% dos cães e 15% dos gatos desenvolvam doenças cardíacas, e até 30% dos gatos com mais de 15 anos tenham doença renal crônica”, afirma Henry Berger, diretor da VetFamily no Brasil. A SCR pode surgir quando uma disfunção em um desses órgãos afeta o outro, agravando o quadro clínico.

Entre os cinco subtipos da síndrome, há casos em que o problema cardíaco é o gatilho e outros em que a disfunção renal é a origem. Em gatos e cães idosos, a cronicidade desses quadros é comum. Os sinais são variados: tosse seca, cansaço, desmaios e dificuldade respiratória em doenças cardíacas; aumento do consumo de água, apatia, vômitos e perda de peso nas renais.

A médica-veterinária Beatriz Alves de Almeida reforça que “o diagnóstico precoce é determinante para um manejo eficiente”. Para isso, são necessários exames como ecocardiograma, eletrocardiograma, radiografias, dosagens de ureia, creatinina e SDMA. O tratamento é complexo e requer controle contínuo com medicamentos específicos, dieta adequada e até fluidoterapia.

Já a esporotricose tem se disseminado em grandes cidades, afetando de forma alarmante os gatos. A doença é causada por fungos do gênero Sporothrix, que penetram na pele através de arranhões ou feridas. “Os gatos não são vilões, mas vítimas que precisam de cuidado e proteção”, destaca Farah de Andrade, médica-veterinária.

Entre 2022 e 2023, o número de felinos infectados mais que dobrou: ou de 1.412 para 3.290 casos. Em humanos, os registros saltaram de 253 para 853. Desde janeiro, a esporotricose ou a integrar a Lista Nacional de Notificação Compulsória, o que deve melhorar o monitoramento.

A doença nos gatos se manifesta com feridas ulceradas, secreções e apatia. Em humanos, pode gerar lesões na pele e, nos casos graves, atingir os pulmões. “Abandonar um animal doente, além de crime, amplia a transmissão e contamina o ambiente”, alerta Adolfo Sasaki, presidente do CRMV-PR.

Campanhas têm reforçado a necessidade de manter os gatos dentro de casa, higienizar ambientes e castrar os animais para evitar fugas. O tratamento, apesar de longo, apresenta alto índice de cura. Para facilitar a adesão dos felinos, a manipulação de medicamentos com sabores atrativos tem se mostrado eficaz. Fórmulas à base de itraconazol, fluconazol e outros antifúngicos são adaptadas em molhos, pastas ou versões tópicas.

Combater essas enfermidades exige uma ação conjunta entre tutores, veterinários e setor público. Informação correta, diagnóstico precoce e compromisso com o bem-estar animal são os fundamentais para preservar vidas e evitar novos surtos. Como conclui a Dra. Farah, “a doença não é uma sentença de morte, mas exige atenção e ação coletiva”.