Capacitação integra campanha Maio Laranja e busca aprimorar atendimento em casos de abuso e violência nos territórios 13f4

Criciúma

A prefeitura de Criciúma iniciou neste mês, por meio da secretaria de saúde, a campanha Maio Laranja com a capacitação de 270 agentes comunitários de saúde das 46 unidades básicas do município, como parte do Programa Saúde em Cores. A ação ocorre ao longo de maio e tem o objetivo de qualificar o atendimento de profissionais diante de casos de abuso sexual infantojuvenil e outras formas de violência contra populações vulneráveis, visando a melhoria na identificação, intervenção e encaminhamento adequado dessas situações.

As capacitações são promovidas pelo Núcleo de Prevenção às Violências e Promoção da Saúde (Nuprevips) e abrangem orientações sobre os diferentes tipos de violência e seus sinais, além da apresentação de dados epidemiológicos locais. De acordo com a prefeitura, o treinamento visa ampliar o conhecimento dos agentes sobre os contextos de violência existentes no território, fortalecendo a atuação dos profissionais junto às comunidades.

O secretário de saúde, Deivid de Freitas, afirmou que o silêncio diante da violência pode ter consequências tão graves quanto os atos violentos em si. “Todas as formas de violências deixam marcas na saúde e dignidade das pessoas. Como comunidade, devemos ficar atentos aos sinais. Muitas vezes a violência acontece dentro do âmbito doméstico, e o silêncio pode ser tão danoso quanto o próprio ato violento. Denunciar é um ato de coragem e amor ao próximo. Caso necessário, as pessoas podem ligar no Disque 100, que é anônimo, procurar uma unidade de saúde ou conversar com um agente comunitário”, disse.

Lusiane Mendes, técnica do Nuprevips, reforçou a importância do preparo dos profissionais de saúde para o enfrentamento das diferentes violências. “A violência pode estar presente na infância negligenciada, no adolescente invisível, na mulher silenciada e no idoso desrespeitado. E, para cada uma dessas situações, é preciso sensibilidade, escuta ativa e preparo para agir com responsabilidade e acolhimento”, afirmou.

Criciúma dispõe de uma rede intersetorial voltada à proteção de vítimas de violência, que inclui as unidades básicas de saúde, a rede de urgência e emergência, a Vigilância das Violências e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com destaque para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). No sistema de assistência social, os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência Especializados (Creas) funcionam como portas de entrada para o acolhimento e encaminhamento dos casos. A rede de educação também contribui tanto na identificação e prevenção quanto na orientação das vítimas.

Segundo Lusiane, a capacitação contínua dos profissionais tem sido prioridade em 2025. “Neste ano, nossas ações estão especialmente voltadas à capacitação dos profissionais que integram essa rede e as UBSs também estão fazendo atividades nas salas de espera, com orientações à população. Acreditamos que uma equipe bem preparada qualifica o atendimento, evita a descontinuidade e fortalece a linha de cuidado. Nesse contexto, a Universidade Unesc é uma parceira fundamental. Por meio do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCOL), a instituição contribui ativamente com a formação dos profissionais, na análise dos dados epidemiológicos e na elaboração e divulgação em conjunto dos Boletins Epidemiológicos”, explicou.

Os tipos de violência abordados nas capacitações incluem agressões físicas, psicológicas, sexuais, morais, financeiras, negligência, além de situações de automutilação e tentativas de suicídio. A violência é definida como o uso intencional de força, poder ou coerção que cause danos físicos, psicológicos ou morais a indivíduos ou grupos, afetando sua integridade e direitos.

Em casos de suspeita ou confirmação de violência, a orientação é buscar imediatamente atendimento na rede de saúde. Conforme Lusiane Mendes, o Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC) é a principal referência para atendimento de crianças em situação de violência sexual nas primeiras 72 horas. A cidade também conta com a Delegacia da Criança e do Adolescente, o Conselho Tutelar e o Disque 100, serviço nacional anônimo de denúncias de violações de direitos humanos.