Balneário Rincão – Leva-me contigo 123d46

Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a Estrela-D’Alva
Rainha do mar
Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.

(Manuel Bandeira)

A bela praia e lagoas são enriquecidas por àqueles que buscam um futuro que vai além da imaginação. Há belos canteiros de flores e a cidade agradando os moradores ou quem por ali a sem nada esquecer. Inesquecível sempre será Vicente de Carvalho, consagrado “o poeta do mar” por Euclides da Cunha, quando esse lhe prefaciou o livro Poemas e Canções em 1908, e considerado “um dos maiores poetas brasileiros” por Mário de Andrade. O poeta guardava consigo as belezas das praias e do oceano. Alguns de seus poemas tematizam o mar e são “A voz do sino”, “Olhos verdes” e “A flor e o mar”.  Mar, doce mar sempre alegrando e poesia no ar. Cecília Meireles: “Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; – depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar”. Quanta ternura é transmitida pelos filhos açorianos e outros que aqui só descansam apreciando as ondas do mar. “Abraço Marinho” de Elza de Mello Fernandes “… Mar malicioso, que já namorastes a lua, fazendo de teu lagamar um espelho de ametista para espelhá-la quando ela a seminua fazendo trejeitos e gestos de artista, dançando no céu cintilante e estrelado, enquanto te acaricias com seus raios prateados em idílio no final das horas vespertinas…” No verão a temperatura é generosa e, em sua cumplicidade com o ar, manda lufadas de vento e sol sobre os corpos quase nus em exposição ao sol nas areias. E próximo as lagoas? As canções ao pé da fogueira e o churrasco, pão d’água e cerveja transformando a noite apagada num paraíso. Cansados vão para as barracas ou qualquer outro lugar para dormir e sonhar… O murmúrio e o barulho dos peixes ficam pulando n’água e a lua por testemunha silenciosa parece sempre uma filha do Rincão, bonita e apaixonada. É novembro e que sensação de felicidade ao ver o mar, as areias brancas e as flores amarelas por entre o verde. No verão os filhos das cidades vizinhas vão para o Rincão ar o Natal e o Ano Novo. E por lá permanecem até o mês de março. Encontram-se as famílias e matam a saudade um do outro. É só festa, quanta alegria! Formidável época durante o ano, e não posso esquecer das pescarias inesquecíveis! Algumas vezes consegui peixes e outras não. Sentava-me numa confortável cadeira e pescava à beira mar. O bom sempre foi conseguir, e não era fácil! Puxava contra as curvas do caniço e os peixes fugiam… Desistia e juntava marisco para não voltar para a casa sem nada. Rincão é assim, encantador, contagiante e espontâneo. E pegar sol era uma loucura! Quem mais bronzeada ficasse seria a mais bonita (1990). E chega o Poeta Vicente de Carvalho declamando em meus pensamentos:

“Olhos encantados, olhos cor do mar,
Olhos pensativos que fazeis sonhar!
Que formosas cousas, quanta maravilhas
Em voz vendo sonho, em voz fitando vejo;
Cortes pitorescos de afastadas ilhas
Abanando no ar seus coqueirais em flor,
Solidões tranquilas feitas para o beijo,
Ninhos verdejantes feitos para o amor…
Olhos pensativos que falais de amor!
Ei-la que mergulha pela noute vasta,
Pela vasta noute feita de luar;
Ei-la que mergulha pelo firmamento
Desdobrado ao longe nos confins do mar…
Olhos cismadores que fazeis cismar!
Branca vela errante, branca vela errante,
Como a noute é clara! Como o céu é lindo!
Leva-me contigo pelo mar… Adiante!
Leva-me contigo até mais longe, a essa
Fímbria do horizonte onde te vais sumindo
E onde acaba o mar e de onde o céu começa…
Olhos abençoados, cheios de promessa!
Olhos pensativos que fazeis sonhar,
Olhos cor do mar!”